Usuarios On-line






quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Papa Francisco se reúne com vítimas de abuso sexual durante JMJ em Portugal


Pouco depois de afirmar que Igreja Católica precisa de uma “purificação”, nesta quarta-feira (2), o papa Francisco se reuniu com vítimas dos abusos sexuais praticados por membros da instituição em Portugal.

O encontro aconteceu a portas fechadas na Nunciatura Apostólica, a embaixada do Vaticano, local onde o pontífice está hospedado em Lisboa por ocasião da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

A fala sobre purificação se deu enquanto o pontífice comandava uma celebração dirigida a membros do clero no mosteiro dos Jerônimos. Então, ele comentava a “a desilusão e a aversão” que muitas pessoas nutrem pela Igreja Católica em razão de “escândalos que desfiguraram o seu rosto”, uma referência às denúncias que vieram à tona nos últimos tempos sobre escândalos encobertos pelo Vaticano.


Em fevereiro, relatório de uma comissão independente revelou que pelo menos 4.815 menores foram abusados sexualmente por membros da instituição em solo português desde 1950. Cerca de 96% dos abusadores são do sexo masculino, e 77%, padres.

A cifra indicada pelo grupo, calculada com base em investigações e em relatos espontâneos das vítimas, foi classificada como conservadora, representando “apenas a ponta do iceberg” da dimensão real dos abusos.

Segundo informações da Santa Sé, Francisco recebeu “13 vítimas de abusos por parte dos membros do clero, acompanhadas por alguns representantes de instituições da Igreja portuguesa, responsáveis pela proteção dos menores”. A informação oficial é de que o encontro, que durou cerca de uma hora, decorreu em uma “atmosfera de intensa escuta”.

Além de ouvir relatos de cada um dos presentes, o pontífice também recebeu cartas de outras vítimas que não estiveram na reunião. Ele ainda recebeu o psiquiatra Pedro Strecht, presidente da comissão independente que apurou os abusos em Portugal.

“Este encontro do Santo Padre representa a confirmação do caminho de reconciliação que a Igreja em Portugal tem vindo a percorrer neste âmbito, colocando as vítimas em primeiro lugar, colaborando na sua reparação e recuperação, de forma que lhes seja possível olhar o futuro com esperança e liberdade renovadas”, afirmou, em nota, a Comissão Episcopal Portuguesa (CEP).