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domingo, 15 de janeiro de 2023

Livro revela desconfiança e atritos entre papas Bento XVI e Francisco



O alemão Georg Gänswein, ex-secretário do papa emérito Bento XVI, que morreu no dia 31 de dezembro de 2022, lançou nesta quinta-feira (13) um livro em que expõe bastidores do Vaticano – em especial da última década.

Chamado “Nada além da verdade. Minha vida com Bento XVI” (em tradução livre), o livro traz revelações sobre a relação entre Bento XVI e o papa Francisco, a quem o autor tece críticas.

Segundo Gänswein, Francisco, considerado pela Igreja Católica progressista, não gostava das intervenções de Bento XVI, que era conservador, e agiu de forma a isolar o papa emérito.

Depois de sua renúncia, em 2013, a primeira de um pontífice desde a Idade Média, Bento XVI prometeu viver “afastado do mundo”, mas interveio algumas vezes em questões polêmicas, como quando se pronunciou a favor da manutenção do celibato dos padres, em 2020, indo contra Francisco.

Gänswein, secretário particular de Bento XVI desde 2003, antes mesmo de sua eleição como papa, era prefeito da Casa Pontifícia da Santa Sé na época da polêmica.

Ele afirma que, depois desse episódio, Francisco o privou das funções executivas do seu cargo, embora tenha mantido o título, e o fez um pedido: “A partir de hoje, fique em casa. Acompanhe Bento, que precisa de você, e aja como um escudo”.

Quando Gänswein contou a Bento XVI o que havia acontecido, ele respondeu: “aparentemente, o papa Francisco não confia mais em mim e fez de você meu vigia”.

Por terem uma relação próxima e de confiança, o papa emérito fazia confissões ao então secretário, segundo ele.

O Vaticano não reagiu oficialmente às críticas ao papa argentino – amplamente divulgadas na imprensa internacional -, mas, na última segunda-feira (9) o ex-secretário foi convocado para uma audiência a portas fechadas com Francisco.

O conteúdo da conversa não foi divulgado, mas, segundo fontes, o pontífice estaria desapontado e pediu discrição a Gänswein.

Na véspera do lançamento do livro, Francisco advertiu no Angelus (uma oração recitada pelo pontífice em recordação ao Mistério perene da Encarnação três vezes ao dia da janela do Palácio Apostólico), que “a fofoca é uma arma letal que mata. Mata o amor, a sociedade e a fraternidade”, mensagem interpretada como uma suposta reação à publicação de Gänswein.