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sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Estudantes da UFC protestam contra cortes e por R.U


Durante a manhã de ontem, 15, estudantes de diversos cursos da Universidade Federal do Ceará (UFC) organizaram uma manifestação no campus do Pici para expor pautas que vêm causando desconforto entre os discentes. O Jornal O Estado teve acesso a um texto produzido pelos estudantes no qual foram listadas diferentes medidas que não foram bem aceitas pelos estudantes.


Foto: Vitória Carneiro Fortuna

De acordo com o documento, o protesto pede para que itens do cardápio do Restaurante Universitário (R.U) que foram retirados retornem. “A retirada do suco do R.U e de diversos itens do cardápio dos residentes é mais uma medida do projeto de desmonte da UFC. A reitoria fala que esta foi uma decisão meramente nutricional. A ideia é esconder do público que a universidade tem sido totalmente sucateada pela agenda neoliberal dos últimos anos”, afirmam os estudantes.

Além disso, eles também pedem que a carga horária mínima de 12 créditos para os cursos seja revogada, uma vez que dificultaria a permanência daqueles que precisam estudar e trabalhar. Os estudantes também denunciam que o ofício-circular 31/2022 da Proplad restringiu a ajuda de custo para aulas de campo. Por fim, o corpo discente relata que a UFC teria barrado o processo eleitoral do DCE. “A administração superior da UFC vem usando da guarda patrimonial para impedir a entrada e a circulação de material que revele os problemas da universidade sob a gestão interventora”, pontua o documento.

Nesse contexto, a aluna Erica Ramaiana, do curso de matemática, considera que a medida relativa a carga horária, por exemplo, é elitista. “Eles não estão pensando nos estudantes que precisam trabalhar para se manter. Só estudar hoje em dia é um privilégio”, opina. Ramaiana detalha que cursos como Economia Ecológica, Geologia, Geografia e Biologia estão tendo suas aulas de campo retiradas.

O estudante George Alex, do curso de filosofia, afirma que foi aprovada uma licitação de 5 anos que retira os sucos das refeições. “Muitos alunos têm comentado que na maioria das refeições não está faltando somente os sucos, mas também as frutas. Além disso, no guichê, o valor do crédito no restaurante universitário foi aumentado desproporcionalmente sem nenhum tipo de consulta pública”, denuncia.
Alex também acredita que tais medidas elitizam a universidade pública. “É um espaço que é para ser de todas as minorias e não é isso que está sendo feito”, afirma.
André Holanda, estudante de Ciências Sociais, conta que o campus do Pici foi escolhido por ser um ambiente que, apesar de abrigar diversos cursos, não costuma ter muitas mobilizações estudantis. “Puxar essa plenária no Pici foi uma vitória para nós”, orgulha-se. Ademais, o discente relata que há salas no referido campus com problemas de infraestrutura. “Tem ar condicionado pingando no meio da sala, de modo a formar uma poça. Para um estudante levar um choque ou ter um curto-circuito é muito rápido”.

“A gente sempre reforça que quer a universidade pública para todos os cidadãos brasileiros. O que está acontecendo acarreta numa perda para a maior parte da população brasileira, que é a população pobre. Esses são os motivos pelos quais nós estamos nos manifestando, a ideia é que não paremos até que consigamos o que é nosso por direito”, declara o estudante de Ciências Sociais.


Procurada pela reportagem, a UFC informou que não irá se manifestar sobre o assunto.


Por Yasmim Rodrigues