Uma operação do Ministério Público do
Estado do Ceará, Polícia Civil e Polícia Militar interditou na tarde desta
quarta-feira (20), o Centro Terapêutico Casa de Jacó, uma unidade de
reabilitação para dependentes químicos em Juazeiro do Norte. Segundo o Promotor
de Justiça Dr. Flávio Côrte, no local havia 32 pessoas vivendo “em uma
masmorra”, alguns em situação de cárcere privado. Ninguém foi preso.
Após denúncias, a promotoria resolveu
fazer uma diligência na casa e encontrou ao menos um interno algemado dentro de
uma cela. De acordo com as autoridades, o lugar se assemelha a uma garagem
escura, sem banheiro e apenas com um buraco no chão para necessidades
fisiológicas. No momento da abordagem, um homem se identificou como vigilante,
mas na verdade tratava-se de uma pessoa com dependência química, e trabalhava
em troca de comida e estadia.
Na delegacia, dois internos relataram
que na Casa de Jacó, localizada no bairro Tiradentes, os próprios funcionários
vendiam drogas. Em conversa com o Miséria, um usuário relatou que chegou a
trocar um ventilador por um cigarro de maconha. As denúncias serão formalizadas
perante a Delegacia de Polícia Civil junto com a defesa das vítimas.
Ainda segundo relato do MPCE, na casa
foi encontrado um idoso de 64 anos com um vazamento de ar no pulmão. Após
atendimento pelo SAMU ele foi enviado para o Hospital Regional do Cariri, onde
deve passar por uma cirurgia urgente.
Em uma página oficial do Facebook, a
Casa de Jacó é identificada como um centro terapêutico especializado em
tratamento de dependência química, incluindo álcool e drogas. Para se manterem
no local, os internos pagavam um salário mínimo. O Dr. Flávio Côrte diz ainda
que por vezes a família não sabem da situação vivida por quem está internado na
instituição.
Após a constatação dos fatos de maus
tratos e cárcere privado, a Promotora de Justiça Alessandra Magda iniciou os
procedimentos para um Termo de Justamento de Conduta. Será avaliada a
possibilidade de pedidos de prisão para os responsáveis pela casa. De acordo
com um interno, o local é mantido por um homem identificado como Jacó, junto
com sua esposa.
Os responsáveis não se pronunciaram
nem atenderam as ligações até o fechamento desta matéria.
FONTE- MISERIA