O Ministério Público do Ceará (MPCE), através da
Promotoria de Justiça de Uruburetama, solicitou à Justiça a prisão preventiva
do médico José Hilson de Paiva, prefeito afastado de Uruburetama,
por suspeita de crimes
sexuais. O pedido foi feito na noite da última
quarta-feira (17) e ratificou a representação da Polícia Civil pela
detenção. A reportagem apurou que o suspeito está em Fortaleza, acompanhado da
família e dos advogados.
Conforme
o MPCE, o pedido "se fundamenta no fato de que, mesmo afastado das funções
de prefeito e médico, José Hilson de Paiva é considerado influente no município
e no meio político estadual, sendo capaz de, diretamente ou por interpostas
pessoas, coagir, constranger, ameaçar, corromper, enfim, praticar atos
tendentes a comprometer a investigação do Ministério Público e da Polícia
Civil".
O representante da defesa do Dr. Hilson, advogado Leandro Vasques, afirma que o
pedido do MPCE causou surpresa, os
"pré-requisitos da prisão preventiva não se verificam" e o
cliente não está atrapalhando as investigações. "Primeiro, falta
contemporaneidade, esses fatos são muito pretéritos; segundo, foram praticados
antes do prefeito ser prefeito na atual gestão; ademais disso e o mais
importante, o prefeito se posicionou à disposição das autoridades, mediante
requerimentos escritos", justifica.
"Nós
nos posicionamos perante o Poder Judiciário, o Ministério Público e as
autoridades policiais. Portanto, não há nenhuma necessidade do decreto
prisional, até porque o prefeito se encontra em lugar sabido e
está à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos",
complementa Vasques. O pedido da prisão do médico é mais um episódio
desencadeado pelas novas denúncias contra o suspeito, exibidas com
exclusividade no programa Fantástico, da TV Globo,
no último domingo (14). Nesta semana, Dr Hilson foi afastado da
Prefeitura de Uruburetama, expulso do
partido político e interditado do
uso da medicina.
Um Inquérito
Policial foi instaurado pela Delegacia Municipal de
Uruburetama, na segunda-feira (15), após acesso a 63 vídeos que mostram
supostos crimes sexuais sendo cometidos pelo médico. Segundo o Ministério
Público, 18 vítimas já foram identificadas e serão convidadas para prestarem
declarações o mais rápido possível.
Pelo
menos duas delas já foram ouvidas na unidade da Polícia Civil de Uruburetama.
Outras quatro mulheres estiveram na Delegacia de Cruz, onde José Hilson
trabalhou como médico da Prefeitura entre 1992 a 2012 e manteve um consultório
particular na cidade até 2018, onde também teria cometido os crimes.
Investigações contra o prefeito
O
MPCE afirma ainda que já investigava o médico desde junho deste ano, pelos
mesmos vídeos obtidos pelo Sistema Verdes Mares. O órgão responsável pela
apuração é o Núcleo de Investigação Criminal (Nuinc) e, até o momento,
seis vítimas e uma testemunha já foram ouvidas.
Uma
Notícia de Fato também foi aberta pelo Ministério Público contra o prefeito,
após vídeos viralizarem nas redes sociais e quatro mulheres prestarem
depoimento. O Inquérito Policial foi aberto pela Polícia Civil e depois
arquivado. O promotor requisitou novas diligências à delegada, que estão em
andamento.
Na
área cível, a Promotoria de Uruburetama ajuizou uma Ação Civil Pública (ACP)
por improbidade
administrativa em desfavor do então prefeito, no final de
2018, também em andamento.