Ana
Maria Medeiros da Fonseca faleceu na manhã deste domingo, dia 25, Ana Maria
Medeiros da Fonseca, coordenadora associada do Núcleo de Estudos de Políticas
Públicas (NEPP) da Unicamp. Ana foi secretária executiva do Ministério do
Desenvolvimento Social (fevereiro/novembro 2004) e Analista de Políticas
Sociais da Oficina do PNUD para a América Latina e o Caribe (2005-2006). A
pesquisadora será velada nesta segunda-feira (26), das 7 às 9h45 no Cemitério
dos Amarais (Rua Sylvia da Silva Braga, 3212, Campo dos Amarais) em Campinas.
Em seguida, 10 horas, seguirá para o Crematório Municipal da cidade.
Trajetória
acadêmica
Ana Fonseca concluiu a
graduação em Historia na Unicamp em 1981 e, em seguida, cursou o mestrado em
História Social e do Trabalho, também na Unicamp, concluído em 1991. O
doutorado foi em História Social, na área de família e relações de gênero, na
Universidade de São Paulo finalizado em 2000. Era pesquisadora do Núcleo de
Estudos em Políticas Públicas da Unicamp, desde 1987.
A dedicação ao estudo dos
programas de distribuição de renda levou Ana Fonseca, no inicio da década de
1990, e na qualidade de pesquisadora do NEPP, ser convidada para acompanhar e
assessorar o programa chamado ‘Renda Mínima’ implantando na cidade de Campinas,
durante a gestão do então prefeito José Roberto Magalhães Teixeira. “Precisamos
deixar claro que foi no governo do Magalhães Teixeira que nasceu o primeiro
programa de distribuição de renda mínima no país”, disse Ana Fonseca num vídeo
documentário sobre sua carreira profissional gravado pelo NEPP. Nesse
depoimento Ana Fonseca destacou ainda a importância que esse programa criado em
Campinas teve para a implantação do Bolsa Família mais de uma década depois.
No inicio da década de 2000
Ana Fonseca foi convidada para coordenar o Programa de Garantia de Renda Mínima
do município de São Paulo, durante a gestão da prefeita Marta Suplicy. Nessa
época existiam vários programas de distribuição de renda como Renda Mínima,
Bolsa Escola, Bolsa Luz, Bolsa Gás e vários outros implantados pelos executivos
dos três poderes. Foi na prefeitura de São Paulo que Ana Fonseca iniciou o
lento caminho de estudos visando à unificação dos vários programas de
distribuição de renda, em um único cartão digital.
Foi a partir dessa
experiência, na prefeitura de São Paulo, que fez com que Ana Fonseca fosse
convidada para coordenar o Programa Bolsa Família durante a gestão do primeiro
governo Luiz Inácio Lula da Silva de outubro 2003 a janeiro de 2004. Ela
exerceu ainda o cargo de Secretária Executiva do Ministério do Desenvolvimento
Social de fevereiro a novembro 2004.
Uma
carreira de destaque
Todos seus colegas de trabalho
são unanimes em afirmar da importância do trabalho acadêmico e das aplicações
práticas do conhecimento construído por Ana Fonseca, durante os anos de
atividade na academia e em instituições governamentais.
O atual coordenador do Núcleo
de Políticas Públicas, professor Carlos Etulain, que conviveu com Ana Fonseca
durante várias décadas e acompanhou de perto sua trajetória profissional
destacou que “os estudos sobre transferência de renda desenvolvidos por Ana
Fonseca são referência nacional e internacional”. Para Etulain, “Ana enfrentou
cada desafio com capacidade impar e grande entusiasmo e soube combinar alegria,
integridade política, intelectual e sensibilidade social”.
Etulain destacou que das
melhores lembranças do convívio com Ana “ficam seus ensinamentos e a felicidade
compartilhada nas valiosas horas de trabalho que Ana dedicou a instituição e
aos amigos e amigas”.
A médica e pesquisadora
Carmem Lavras, ex-coordenadora do Núcleo de Políticas Públicas da Unicamp,
destacou que a trajetória profissional de Ana Fonseca “foi marcada por
importantes contribuições no campo das políticas sociais e, em particular, por
aquelas focadas no enfrentamento da pobreza, geração de renda”. Lavras lembrou
ainda que Ana Fonseca “atuou no campo da avaliação de políticas públicas, tendo
participado do grupo inicial de pesquisadores do NEPP e muito contribuiu com a
consolidação desse campo de estudos no país, na década de 1990. Foi estudiosa,
foi gestora, foi uma militante política que nunca se afastou de suas causas e,
que sempre foi aberta ao diálogo e a escuta de outras opiniões, coisa rara nos
dias atuais”.
Ao finalizar seu depoimento
Carmem Lavras destacou que “Ana foi uma mulher guerreira, sem nunca ter se
afastado do campo de batalha em defesa de um país mais justo e solidário. Foi
uma pessoa alegre e descontraída e que deixará muitas saudades para nós amigas
e amigos de trabalho e de vida”.