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sábado, 7 de maio de 2016

Futebol do cariri de luto

Morreu nas primeiras horas deste sábado em Juazeiro do Norte o ex-atleta de futebol, Décio Torres, que se consagrou como o zagueiro Décio Pelé. Aos 72 anos, ele já estava bastante debilitado e vivia entre a cama e uma cadeira de rodas sem sequer reconhecer mais as pessoas. Décio era baiano, morava num casebre situado na Rua São Damião, no bairro Santa Tereza, sobrevivendo com o salário mínimo advindo de sua aposentadoria e as ajudas de alguns amigos. Recentemente, foram promovidos alguns jogos com caráter beneficente para ajudar o ex-atleta icasiano e amenizar o sofrimento nos últimos meses de vida. Existe quem diga que o apelido de Pelé, acrescentando ao seu nome, se deveu à boa marcação que exerceu sobre o Rei do Futebol quando este atuou em Juazeiro no dia 3 de abril de 1974 pelo Santos. O placar final do amistoso foi 2 a 0 para o Santos contra o Guarani, mas com gols de Adilson. Entretanto, não é verdadeiro, pois Décio já tinha o apelido de Pelé. Ele desembarcou em Juazeiro em meados da década de 70 após passagens pelo Calouros do Ar e, depois, no Fortaleza. No Icasa, foi zagueiro, treinador, preparador de goleiros, supervisor e até massagista quando houve a necessidade. No dia 27 de dezembro do ano passado, o Verdão promoveu um amistoso contra o Serra Talhada e a diretoria icasiana decidiu homenagear Décio Pelé dando ao jogo o caráter beneficente para ajudar seu ex-atleta. Uma de suas últimas descobertas no futebol foi o zagueiro Ronaldo Angelim conforme o próprio reconhece e lhe tinha gratidão. Tanto que, ainda no ano passado, promoveu em Porteiras, sua terra natal, o jogo entre os amigos de Marciano e de Angelim no estádio Gerson Campos. O embate teve a participação de alguns outros atletas famosos com receita revertida para amenizar as dificuldades de Décio. Ronaldo Angelim recorda que já começou a treinar com 20 anos de idade após brilhar em times amadores do Cariri e foi participar de uma “peneira” no Icasa. O talento saltou aos olhos de três pessoas: o olheiro da base Décio Pelé, o então técnico do profissional Luiz Carlos Silva e o presidente do clube. Kleber Lavor. Todavia, não levava o futebol à sério e atuava muito mais cavando cacimbas e entregando pão. Enquanto faturava R$ 100,00 mensais nessas atividades, recebia apenas R$ 80,00 0 do Icasa De acordo com Ronaldo Angelim, muita gente tentou convencê-lo de que o futebol seria mais importante. “Ele queria largar tudo só para trabalhar, mesmo que fosse cavando poço ou entregando pão. Eu tentava persuadi-lo do contrário, porque era realmente talentoso”, comentou Décio Pelé numa entrevista para o Globo Esporte após Angelim ser campeão brasileiro pelo Flamengo com um gol seu de cabeça, em 2009, diante do Grêmio perante um Maracanã lotado. “Eu que ficava com ele até depois dos treinos, jogando a bola para cima, treinando cabeçada e impulsão. Por isso que hoje ele é conhecido por ser um zagueiro que sobe demais. Eu mesmo disse que um dia ele jogaria no Flamengo ou no Corinthians. Rezei e fiz promessa para que isso acontecesse. Torço para que seja muito feliz, ganhe muito dinheiro e que continue sendo a pessoa humilde que é”, concluiu na época Décio Pelé.

(Site Miséria)